O diretor de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, comemorou nesta segunda-feira, 20, estudo sobre vacina contra coronavírus do laboratório AstraZeneca desenvolvido pela Universidade de Oxford, mas ponderou que ainda há etapas até a imunização chegar ao público.
"Estes são os estudos da fase um, agora precisamos avançar para testes em larga escala no mundo real. Mas é bom ver mais produtos avançando até essa fase importante na descoberta da vacina", afirmou Ryan.
A candidata à vacina contra o novo coronavírus da Universidade de Oxford se mostrou segura e produziu resposta imune em ensaios clínicos iniciais em voluntários saudáveis, informaram cientistas da instituição nesta segunda-feira, 20.
Os estudos, referentes às fases 1 e 2 de testes, foram realizados com mais de mil voluntários saudáveis, entre 18 e 55 anos. A terceira etapa está sendo testada em 50 mil pessoas, incluindo 5 mil brasileiros.
Segundo a OMS, efetivamente existem 23 candidatas à vacina em testes clínicos. Ryan apontou que após as vacinas passarem por todos os testes e provarem eficácia, existirá um grande desafio para escalar a produção e distribuir ao redor do mundo. "Não vai ter uma vacina para cada pessoa no planeta. Vamos ter que priorizar quem recebe", afirmou o diretor de emergências.
Acesso à vacina e Covax
Para garantir acesso e facilitar a distribuição das doses quando estiverem disponíveis, a OMS apoia o Covax, um grupo internacional que negociará com os produtores de vacina.
O Brasil e outros 74 países manifestaram interesse em financiar suas vacinas por meio da iniciativa. Outras 90 nações de baixa renda querem também colaborar e assim receber doações para poder distribuir as doses.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que há nações indo na direção contrária a esse esforço. Ele declarou que os países mais ricos devem se comprometer a tornar a vacina um bem público global. "Isso não deveria ser considerado caridade às nações que não podem pagar", afirmou. "O acesso também aos países pobres pode acelerar a recuperação econômica no mundo".
Indígenas e covid-19
A OMS também informou nesta segunda-feira, 20, que entre os povos vulneráveis, indígenas que vivem nas Américas são o maior motivo de preocupação durante a pandemia de covid-19.
Embora existam mais de 500 milhões de indígenas vivendo em mais de 90 países, a organização chama atenção para aqueles que vivem nas Américas, por ser o atual epicentro da doença. Segundo a organização, a região registrava mais de 70 mil casos e 2 mil mortes de indígenas até 6 de julho.
Fatores como falta de representatividade política e acesso à saúde colocam esses povos entre os grupos de maior vulnerabilidade social. "Taxas de pobreza, desemprego, desnutrição e de doenças transmissíveis ou não frequentemente são altas entre indígenas, o que os deixa mais exposto à covid-19 e suas consequências", explicou Tedros.
Vacina chinesa para a covid-19 também se mostra 'segura' e ‘produz resposta imunológica’, diz estudo
Um projeto chinês de vacina para a covid-19 mostrou-se seguro para pacientes e provocou uma resposta imune significativa, de acordo com os resultados publicados nesta segunda-feira, 20, na revista médica The Lancet. Apoiado pela Cansino Biologics, o estudo causou uma forte reação de anticorpos na maioria dos cerca de 500 voluntários testados.
Assim como na vacina que está sendo testada pela Universidade de Oxford, este ensaio clínico também encontra-se ainda em fase preliminar (fase 2) e sua eficácia ainda não foi estabelecida em um estudo de fase 3. Antes de considerar sua comercialização em larga escala, o imunizante precisará ser testado em um número maior de participantes (veja mais no infográfico abaixo).
Os resultados tanto da vacina chinesa quanto de Oxford foram celebrados. Vários pesquisadores e laboratórios ao redor do mundo estão numa corrida contra o relógio para encontrar uma vacina segura e eficaz contra a covid-19. Até o momento, nenhum ensaio gerou efeitos indesejáveis sérios. Por enquanto, os efeitos colaterais mais observados foram febre, fadiga e dor no local da injeção da vacina.
Fonte: O Estado de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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