Medidas são discutidas na formação para residentes da Fiocruz Brasília |
Para o pesquisador, é fundamental se discutir, em todos os serviços de saúde, como se darão as rotinas de atendimento às pessoas que manifestarem sintomas e observar os cuidados necessários para proteger os profissionais de saúde, preservando, assim, os atendimentos. “Temos que nos preparar para os impactos dessa doença, tanto na adoção de medidas de prevenção quanto de mitigação”, afirmou.
Maierovitch ressaltou a qualidade dos guias e materiais de orientação existentes, disponibilizados pelo Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Centers for Disease Control and Prevention (CDC/EUA), por exemplo. Entretanto, alertou sobre a importância e necessidade de se discutir, na prática, a aplicação das recomendações em suas condições concretas, em todos os serviços de saúde. “Qualquer pessoa pode ser afetada e pode desencadear uma transmissão, e no serviço de saúde isso é mais provável, não só pela quantidade de circulação de pessoas, mas também por ser o local para onde vão os doentes”, explicou.
Claudio enfatizou ainda a importância do cuidado com o profissional de saúde para que os serviços de saúde continuem funcionando, visto que, na medida em que esses profissionais adoeçam, o atendimento pode ser comprometido pela redução do quadro e por questões de biossegurança. Para o coordenador do NEVS/Fiocruz Brasília, “todos os serviços de saúde devem discutir as diferentes hipóteses e cenários em relação à doença, estabelecendo rotinas, atendimentos e adoção de planos de emergência, elaborados antes que a emergência aconteça, previamente”, afirmou.
O comportamento e postura dos profissionais de saúde e da população a partir do surgimento de novos casos, a exemplo dos dois confirmados recentemente no Distrito Federal, foram pontuados pelo pesquisador. Para Claudio, é preciso ter cuidado e evitar julgamentos em relação à postura das pessoas, considerando as situações particulares enfrentadas por ela, e focar na orientação.
Sobre a atuação dos residentes, o pesquisador reforçou a importância da participação desses profissionais nas discussões nos respectivos espaços de trabalho, no diálogo com as equipes, e na divulgação das informações oficiais. “Os residentes são agentes de mudança, profissionais de saúde que têm que se proteger e ajudar os demais a adotar medidas de proteção”, disse.
Em relação aos cuidados de rotina, para Maierovitch, a proteção deve ser proporcional ao risco. Em casos de pacientes com sintomas respiratórios, sendo coronavírus ou outro vírus transmissível, a adoção do uso de máscaras, protetores para os olhos e faciais são recomendados no atendimento direto; evitar o contato com pessoas que tenham a suspeita da doença também é indicado, nas demais situações. “Os residentes podem atuar nos cuidados dos profissionais e demais, contribuindo para o reforço de medidas de biossegurança e para proteger as outras pessoas. Em caso de sintomas respiratórios, a primeira medida é que essa pessoa receba uma máscara cirúrgica para evitar que as gotículas contaminem outras pessoas”, explicou.
Com o objetivo de capacitar os residentes para intervenções nos territórios do Distrito Federal como multiplicadores das informações e orientações sobre o novo coronavírus, a Fiocruz Brasília promoveu a capacitação que abordou, entre outras questões, a contextualização do surgimento do vírus e doença, as nomenclaturas atribuídas, as diferentes medidas de contenção, prevenção e mitigação da doença, critérios e detalhamentos para classificação de emergência e/ou pandemia, e as condutas a serem tomadas por profissionais de saúde e pela população. Informações sobre o processo e etapas de produção de uma possível vacina e a produção dos kits diagnósticos para realização dos exames pela Fiocruz foram também detalhados pelo coordenador do NEVS/Fiocruz Brasília.
Além dos cuidados com a higiene, como lavar as mãos adequadamente, o pesquisador destacou outras iniciativas para evitar o contágio, como a adoção de cumprimentos alternativos ao tradicional aperto de mãos, o não compartilhamento de itens pessoais, cobrir o nariz e a boca ao tossir e espirrar. Para o pesquisador, o isolamento voluntário a partir da identificação de sintomas característicos da doença é também uma medida de prevenção importante.
Comunicação como estratégia de enfrentamento – Além da participação dos residentes, a formação foi transmitida em tempo real pelo Canal do Youtube da Fiocruz Brasília (confira aqui), possibilitando, ao público externo, interação com o pesquisador, com o envio de dúvidas e perguntas sobre o novo coronavírus.
As perguntas não respondidas na ocasião serão respondidas pelo pesquisador e divulgadas, posteriormente, nas mídias sociais da Fiocruz Brasília (acompanhe a página). No Facebook, a instituição lançou, nesta manhã (11/3), uma campanha para que os seguidores enviem questões sobre o novo coronavírus, que serão respondidas pelo pesquisador Claudio Maierovith, em formato podcast, a ser lançado pela Fiocruz Brasília nos próximos dias. Ao encerrar a atividade, Maierovith destacou o papel da Comunicação, a exemplo de atuação no combate às fake news, na disseminação de boas informações de saúde e na criação de iniciativas e ambientes favoráveis para a Comunicação em Saúde.
Quem deve procurar os serviços de saúde – Além de pessoas idosas, aquelas que tenham alguma outra doença associada e apresentem síndrome gripal ou se apresentarem algum sinal de gravidade, “que significa que a doença já afeta o organismo como um todo”, especialmente falta de ar, coração acelerado ou episódios de queda de pressão, têm indicação para procurarem os serviços de saúde.
Enfrentamento ao novo coronavírus – A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, destacou, na abertura da formação, a atuação da Fiocruz no enfrentamento ao novo coronavírus. Na ocasião, comentou ainda sobre a participação da Fiocruz na Comissão Geral da Câmara dos Deputados hoje, 11/3, sobre o tema “As ações preventivas da vigilância sanitária e as possíveis consequências para o Brasil quanto ao enfrentamento do Coronavírus”, com a presença da presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, do coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referências da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, e do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Fonte: Fiocruz Brasília
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